O BLOG DO ESCRITOR
SOBRE O LIVRO
O que é um livro?
Páginas em branco cercadas de caracteres por todos os lados, envolta numa capa
colorida que protege as ideias que
contém.
Seria apenas isso?
Não, porque o livro é,sobretudo,o
caminho mágico onde se pode penetrar no pensamento de alguém e o valor deste
pensamento pode estar na matéria escrita ou na forma como o autor se
expressou,ou seja, de que maneira o autor percebeu aquele acontecimento e o
transmitiu.
Esse tema pensado pode
ser qualquer um, desde política até
fofocas na vizinhança, casos vistos e contados,histórias inventadas ou a mera realidade reproduzida pela visão
daquele escriba.Alguns livros transmitem valores ,outros apenas divertem,alguns
fazem pensar,a maioria de uma forma ou de outra reflete a comunidade ,e, ai é
que está a diferença entre os clássicos que formam gerações e ,ás vezes,ajudam
a transformar uma sociedade e os livros passageiros que não passam da
primeira edição e raramente são lidos ou vendidos.
Toda a ficção, a história,os costumes ,as narrativas
estão incluídos neste caso.
Por isso eu afirmo que,
sendo cada ser humano uma biblioteca,todos deveriam escrever um livro e
publicá-lo,independente do seu valor ou não,pois,isto fica por conta do futuro
e de como as novas gerações serão influenciadas por ele,como objeto.Todo livro
é valioso!
O objeto, livro, pode
ser escrito por qualquer um, o que é pensado
é que faz a diferença e ai entra o sujeito,o
autor,cuja forma de conceber esse pensamento é que torna o livro importante e
perene.Ou,não.Se o livro é único e de grande valor,o mesmo vale para seu autor.
O mérito de um escritor
, digno de virar clássico, cresce quando
ele se preocupa menos com o objeto ,livro e mais com o assunto abordado ,que
deve ser atual , interessante ou ,ainda,desafiador.Essa é a diferença entre um
clássico e os outros...
Pessoas comuns podem
nos oferecer livros impactantes, como crimes célebres,viagens a países
exóticos,assuntos corriqueiros na política ,gastronomia , com suas belas páginas
coloridas e apelativas,narrar fenômenos naturais,experimentos científicos etc
que tiveram tempo para pesquisa e investigação.Nesse caso ,o importante é a
matéria escolhida que contém a impressão do espírito do autor ,ou seja,o modo
como ele vê o mundo ,mas,muitos ,também veem esse mesmo mundo,cada qual de
forma diferente.
Mas,quando se dá
importância á forma ,ou seja, ao
pensamento,ai só uma mente privilegiada pode nos dar algo que fica e temas que
,também,nos farão pensar e - quem sabe –
ajudar a mudar conceitos e transformar o mundo.
Entretanto, é
sabido,que o público prefere mais a
matéria superficial – note-se o sucesso
dos best-sellers – do que o livro reflexivo que ensina a pensar.
Já com a poesia é
diferente. A criação poética se sobrepõe
á matéria,e o público,leitor ,enlevado pela beleza,ritmo e
a forma dos
versos,acaba ,também,se interessando pelo poeta que os criou e conseguiu
sintetizar toda beleza e sentimento do mundo nuns poucos versos.
O livro lido melhora a
compreensão do mundo, a conversação, e,consequentemente ,o entendimento entre
os povos,pois,ninguém resiste a um bom papo, diversificado,bem
humorado,vivo,inteligente,capaz de prender a atenção do ouvinte.Claro,falar
bem,prender a atenção de uma plateia é um dom,mas,o conhecimento ajuda
muito,pois,as conversações geralmente se baseiam em assuntos populares ou do
cotidiano,que,quando bem conduzidas levam a plateia ao delírio.
Entretanto, existem
pessoas cultas que não conseguem prender a atenção de ninguém, pois, são
herméticas demais ou pouco comunicativas,além de lhes faltar” sense of humour “
ou desconfiômetro para perceber que seu
papo não está agradando.Como diz o ditado espanhol:”mais sabe o ignorante na sua
casa que o sábio na casa alheia. “
LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR
ENTREVISTA DO ESCRITOR LAURENTINO GOMES CONCEDIDA AO SITE "HISTÓRIA VIVA" , POR MAURICIO MILANI
Prêmio Jabuti de 2008 em duas categorias pelo livro 1808, o jornalista e escritor Laurentino Gomes está em fase de criação de 1822, obra sobre a Independência, com a mesma linguagem leve que fez do volume anterior um fenômeno editorial, com meio milhão de exemplares vendidos. A nova editora do escritor é a Ediouro, que além do livro impresso, lançará o conteúdo em vários formatos, incluindo graphic novel e DVD. “Para o bem e para o mal, somos herdeiros desse período. É como se fosse o nosso DNA”, diz Laurentino. A seguir, trechos da entrevista concedida a História Viva.
História Viva – Como será o próximo livro?
Laurentino Gomes – Vai retomar a narrativa no ponto em que terminei o1808. Como vou tratar da Independência, o título será 1822. Estou lendo cerca de 80 livros sobre o tema, que se somam às 150 fontes que usei na pesquisa para o 1808. Pretendo mostrar que país era este que a corte de D. João deixava para trás ao retornar a Lisboa, em 1821. Vou falar do Grito do Ipiranga, das enormes dificuldades do Primeiro Reinado, da abdicação de D. Pedro, em 1831, sua volta a Portugal para enfrentar o irmão, D. Miguel, que havia usurpado o trono, e a morte em 1834. O lançamento está previsto para setembro de 2010. O estilo será o mesmo do 1808: capítulos curtos, pequenos perfi s dos personagens e linguagem acessível.
HV – A história oficial costuma ser a história do poder. O leitor pode esperar surpresas na nova obra?
Laurentino – A história do Brasil é contaminada por dois tipos de deturpações. A primeira está na história oficial, que se esforça em fazer celebração épica dos heróis e acontecimentos, como se eles tivessem construído ou dado origem a um Brasil melhor do que o que vemos hoje nas ruas. A segunda deturpação é marcada por uma tentativa de desconstrução dessa história oficial. São livros, filmes e minisséries que banalizam fatos e personagens, como se pertencessem a um Brasil vira-lata e indigno do seu passado. É o que se vê, por exemplo, no filme Carlota Joaquina, princesa do Brasil, de Carla Camurati, e na série de televisão O quinto dos infernos. A verdade, como sempre, está no meio.
HV – Como definir D. Pedro I? Teria sido um títere de José Bonifácio e de potências europeias?
Laurentino – D. Pedro I foi um personagem fascinante. Amava de forma desmedida mulheres, cavalos e amigos de reputação questionável. Na política, tinha um discurso liberal, mas um comportamento autoritário. Admirava Napoleão, que obrigou seu pai a fugir de Portugal. Deu ao Brasil, em 1824, uma constituição surpreendentemente liberal, mas alguns meses antes dissolveu a primeira Constituinte brasileira. Tinha virtudes e defeitos, como qualquer pessoa. Viveu de forma intensa. Fez a Independência com 23 anos e morreu com 35, depois de deixar um filho no trono brasileiro, D. Pedro II, e uma filha no trono português, D. Maria II. Foi como um meteoro que cruzou os céus da história.
História Viva – Como será o próximo livro?
Laurentino Gomes – Vai retomar a narrativa no ponto em que terminei o1808. Como vou tratar da Independência, o título será 1822. Estou lendo cerca de 80 livros sobre o tema, que se somam às 150 fontes que usei na pesquisa para o 1808. Pretendo mostrar que país era este que a corte de D. João deixava para trás ao retornar a Lisboa, em 1821. Vou falar do Grito do Ipiranga, das enormes dificuldades do Primeiro Reinado, da abdicação de D. Pedro, em 1831, sua volta a Portugal para enfrentar o irmão, D. Miguel, que havia usurpado o trono, e a morte em 1834. O lançamento está previsto para setembro de 2010. O estilo será o mesmo do 1808: capítulos curtos, pequenos perfi s dos personagens e linguagem acessível.
HV – A história oficial costuma ser a história do poder. O leitor pode esperar surpresas na nova obra?
Laurentino – A história do Brasil é contaminada por dois tipos de deturpações. A primeira está na história oficial, que se esforça em fazer celebração épica dos heróis e acontecimentos, como se eles tivessem construído ou dado origem a um Brasil melhor do que o que vemos hoje nas ruas. A segunda deturpação é marcada por uma tentativa de desconstrução dessa história oficial. São livros, filmes e minisséries que banalizam fatos e personagens, como se pertencessem a um Brasil vira-lata e indigno do seu passado. É o que se vê, por exemplo, no filme Carlota Joaquina, princesa do Brasil, de Carla Camurati, e na série de televisão O quinto dos infernos. A verdade, como sempre, está no meio.
HV – Como definir D. Pedro I? Teria sido um títere de José Bonifácio e de potências europeias?
Laurentino – D. Pedro I foi um personagem fascinante. Amava de forma desmedida mulheres, cavalos e amigos de reputação questionável. Na política, tinha um discurso liberal, mas um comportamento autoritário. Admirava Napoleão, que obrigou seu pai a fugir de Portugal. Deu ao Brasil, em 1824, uma constituição surpreendentemente liberal, mas alguns meses antes dissolveu a primeira Constituinte brasileira. Tinha virtudes e defeitos, como qualquer pessoa. Viveu de forma intensa. Fez a Independência com 23 anos e morreu com 35, depois de deixar um filho no trono brasileiro, D. Pedro II, e uma filha no trono português, D. Maria II. Foi como um meteoro que cruzou os céus da história.
HV – Quais outros personagens são chaves para entender aquele período?
Laurentino – O grande personagem da Independência, depois de D. Pedro I, é José Bonifácio de Andrada e Silva, um homem cosmopolita, hábil, bem preparado, de ideias avançadas para o seu tempo. Graças a ele, o país se manteve unido em torno da Coroa quando os riscos de fragmentação territorial e guerra civil eram enormes. Outros personagens importantes são a imperatriz Leopoldina e sua rival, Domitila de Castro, a marquesa de Santos, amante de D. Pedro.
HV – O nepotismo e a corrupção, mostrados em 1808, estão presentes nos anos seguintes?
Laurentino – São vícios recorrentes na história brasileira. Já existiam no período colonial e aumentaram com a vinda da corte portuguesa para o Rio de Janeiro. Persistem depois da Independência, mas é preciso ressalvar que esse foi também um momento de grande dificuldade. O país estava praticamente quebrado, e D. Pedro e seus ministros se esforçaram para fazer um governo austero. Claro que havia os espertinhos e predadores de sempre. Para o bem e para o mal, somos herdeiros desse período. É como se fosse o nosso DNA.
HV – Ainda há episódios pouco conhecidos da Independência?
Laurentino – Um exemplo é a Batalha do Jenipapo, no Piauí, travada em 13 de março de 1823 em Campo Maior, entre cerca de 2 mil brasileiros e 1.600 soldados portugueses. E foi um massacre. Morreram entre 300 e 400 brasileiros, contra apenas oito portugueses. A Independência do Brasil não se resume ao Grito do Ipiranga. Só na Bahia morreram cerca de 10 mil lutando contra os portugueses.
HV – Como tornar a Independência atrativa ao leitor comum?
Laurentino – Meu objetivo é contar a história do Brasil pela ótica da reportagem, em linguagem acessível para um leitor comum não habituado à historiografia acadêmica. No 1808, começo convidando o leitor a imaginar se um dia, ao acordar, ficasse sabendo que o presidente havia fugido para a Austrália com todo o governo brasileiro. Em seguida, explico que algo parecido aconteceu em Portugal 200 anos atrás. Um livro acadêmico não teria essa liberdade narrativa. Um livro-reportagem pode ter.
Laurentino – O grande personagem da Independência, depois de D. Pedro I, é José Bonifácio de Andrada e Silva, um homem cosmopolita, hábil, bem preparado, de ideias avançadas para o seu tempo. Graças a ele, o país se manteve unido em torno da Coroa quando os riscos de fragmentação territorial e guerra civil eram enormes. Outros personagens importantes são a imperatriz Leopoldina e sua rival, Domitila de Castro, a marquesa de Santos, amante de D. Pedro.
HV – O nepotismo e a corrupção, mostrados em 1808, estão presentes nos anos seguintes?
Laurentino – São vícios recorrentes na história brasileira. Já existiam no período colonial e aumentaram com a vinda da corte portuguesa para o Rio de Janeiro. Persistem depois da Independência, mas é preciso ressalvar que esse foi também um momento de grande dificuldade. O país estava praticamente quebrado, e D. Pedro e seus ministros se esforçaram para fazer um governo austero. Claro que havia os espertinhos e predadores de sempre. Para o bem e para o mal, somos herdeiros desse período. É como se fosse o nosso DNA.
HV – Ainda há episódios pouco conhecidos da Independência?
Laurentino – Um exemplo é a Batalha do Jenipapo, no Piauí, travada em 13 de março de 1823 em Campo Maior, entre cerca de 2 mil brasileiros e 1.600 soldados portugueses. E foi um massacre. Morreram entre 300 e 400 brasileiros, contra apenas oito portugueses. A Independência do Brasil não se resume ao Grito do Ipiranga. Só na Bahia morreram cerca de 10 mil lutando contra os portugueses.
HV – Como tornar a Independência atrativa ao leitor comum?
Laurentino – Meu objetivo é contar a história do Brasil pela ótica da reportagem, em linguagem acessível para um leitor comum não habituado à historiografia acadêmica. No 1808, começo convidando o leitor a imaginar se um dia, ao acordar, ficasse sabendo que o presidente havia fugido para a Austrália com todo o governo brasileiro. Em seguida, explico que algo parecido aconteceu em Portugal 200 anos atrás. Um livro acadêmico não teria essa liberdade narrativa. Um livro-reportagem pode ter.
HV – Por que os historiadores, embora editem muitos livros, não conseguem atingir um grande público?
Laurentino – Suas obras são geralmente resultado de teses de mestrado ou doutorado que acabam transformadas em livros. Mas o jornalismo e a produção historiográfica tradicional não são excludentes. Ao contrário, uma área tem muito a aprender com a outra. Historiadores podem ensinar aos jornalistas método e disciplina na pesquisa. Os jornalistas, por sua vez, têm contribuição de linguagem e estilo a dar no ensino e na divulgação do conhecimento da história.
HV – Gostaria de voltar à universidade para se dedicar à história?
Laurentino – Já pensei em fazer um doutorado em história. A academia tem método, disciplina e estágios de validação que podem dar ainda mais consistência ao meu trabalho. Enquanto isso não acontece, procuro sempre contar com a indispensável orientação de historiadores acadêmicos.
HV – Em 1822, o humor será novamente uma ferramenta para capturar o leitor?
Laurentino – Procuro usar elementos pitorescos da história para atrair a atenção do leitor. Importante, no entanto, é não deixar que o livro se limite à caricatura e ao pitoresco. O conteúdo tem de oferecer um mergulho mais profundo. Acredito que o 1822 será um pouco mais sério do que o 1808 porque os personagens não são tão engraçados como D. João e Carlota Joaquina. Mas a história do Brasil é sempre divertida, independentemente do período tratado. Basta ver o que acontece hoje em Brasília.
Laurentino – Suas obras são geralmente resultado de teses de mestrado ou doutorado que acabam transformadas em livros. Mas o jornalismo e a produção historiográfica tradicional não são excludentes. Ao contrário, uma área tem muito a aprender com a outra. Historiadores podem ensinar aos jornalistas método e disciplina na pesquisa. Os jornalistas, por sua vez, têm contribuição de linguagem e estilo a dar no ensino e na divulgação do conhecimento da história.
HV – Gostaria de voltar à universidade para se dedicar à história?
Laurentino – Já pensei em fazer um doutorado em história. A academia tem método, disciplina e estágios de validação que podem dar ainda mais consistência ao meu trabalho. Enquanto isso não acontece, procuro sempre contar com a indispensável orientação de historiadores acadêmicos.
HV – Em 1822, o humor será novamente uma ferramenta para capturar o leitor?
Laurentino – Procuro usar elementos pitorescos da história para atrair a atenção do leitor. Importante, no entanto, é não deixar que o livro se limite à caricatura e ao pitoresco. O conteúdo tem de oferecer um mergulho mais profundo. Acredito que o 1822 será um pouco mais sério do que o 1808 porque os personagens não são tão engraçados como D. João e Carlota Joaquina. Mas a história do Brasil é sempre divertida, independentemente do período tratado. Basta ver o que acontece hoje em Brasília.
OBRAS
PARA QUEM QUER SABER MAIS SOBRE A HISTÓRIA DO BRASIL
COM A ESCRITORA E EDITORA MIRIAM DE SALES,SETEMBRO 2015
SALÃO INTERNACIONAL DE TURIM 2016, O EVENTO LIVREIRO MAIS IMPORTANTE DA EUROPA
ESTAREMOS LÁ LANÇANDO NOSSA SELETA "PANORAMA DA LITERATURA BRASILEIRA II",UM APANHADO DO QUE SE FAZ NA LITERATURA BRASILEIRA ,HOJE.
AUTOGRAFANDO
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