Almir Tosta é natural de Petrópolis - RJ, Engenheiro, Pós-Graduado em Engenharia Econômica e especialista em Projetos Industriais e em Sistemas de Controle de Qualidade para Plantas Petroquímicas. Funcionário aposentado da Petrobrás, se dedica à pesquisa e a escrita. É membro da Academia de Cultura da Bahia e do Instituto Histórico de Salvador, possuindo um vasto acervo cultural, além de oito livros publicados e vinte inéditos.
Oito livros publicados e vinte editados. Essa é a estatística que torna notória a história de um escritor que dedicara e ainda dedica a maior parte de seu tempo à prática da leitura e da escrita.
São anos de pesquisas e de viagens. Poucas coisas passaram despercebidas pelos olhos e pelos sentimentos de Almir Tosta. Suas obras retratam a vida do escritor em toda a sua trajetória; a história da Bahia, estado que lhe adotara em1970, em todos os tempos; e aspectos comportamentais ligados à juventude, poder aquisitivo, cultura da beleza, religião, dentre outros de ordem social.
Embora a história da Bahia seja bastante explorada por diversos e bons autores, o escritor Almir Tosta, consegue trazer em seus livros fatos inéditos, discorridos de forma lúdica e envolvente.
Todas as suas obras são resultados de muitas pesquisas, observações, entrevistas e vivências. E, em muitas delas, podemos fazer relevantes reflexões sobre comportamentos e causas.
Todas as narrativas desse livro estão baseadas em ocorrências reais que constituem as atividades de um submundo marginal, que estão criando neuroses coletivas e um grande massacre emocional motivado pelo medo.
O livro envereda por um tema bastante insólito, mas tem como proposta deixar um alerta, com as informações e recomendações que se fazem necessárias, para as situações de riscos que todos nós estamos submetidos. Funciona como um manual de sobrevivência, na violência da selva urbana na qual somos vítimas indefesas.
O Século XX foi pleno de ocorrências marcantes, tendo inaugurado o progresso e a modernidade na Bahia.
O cacau se configurava como produto de maior importância na economia baiana até a descoberta do petróleo no Lobato, seguido de Catu e depois Pojuca, vindo a viabilizar a construção da primeira refinaria do Brasil e o ingresso da Bahia na era industrial.
A produção de óleo diesel e gasolina a partir de 1955, pela Refinaria Landulfo Alves de Mataripe – RLAM e, mais tarde, a nafta como matéria prima, viabilizaram a partir da década de 1970, o início da industrialização do Pólo Petroquímico de Camaçari.A Rua Chile, passarela da moda e ponto de encontro da sociedade baiana, nos inúmeros e chiques cafés, até a metade do Século XX, esbanjava charme, elegância e glamour.
Nesse livro, apresentamos uma retrospectiva dos principais acontecimentos e personalidades que melhor caracterizaram esse século.
O Livro destaca o trabalho escravo como a engrenagem que movimentou as moendas dos engenhos no ciclo do açúcar, fazendo o progresso do Brasil e tornando Salvador a mais próspera e rica cidade brasileira.
O suor e o sangue de milhares de escravos foi o combustível que alimentou as fornalhas das usinas, num trabalho contínuo e desgastante, formando uma aristocracia baiana, abastada, rica e poderosa que ostentava todo o seu luxo, brilho e requinte, nos salões das Casas Grandes dos engenhos de açúcar do Re
côncavo baiano.
O livro A Bahia Colonial no Século XVI aborda o início do processo colonizatório do Brasil.
Com a chegada do homem branco às nossas terras tropicais, o índio, povo ingênuo, habitante de Pindorama, na beleza e pureza de sua selvagem etnia, recebe aquele pesado machado das mãos de um ambicioso e violento mercador – ele dá um salto na História: passa da idade da pedra para a idade do ferro e se torna a partir dali, num virtual escravo do homem branco, na dura e exaustiva tarefa da derrubada das ibirapitangas, o nosso pau-brasil.
Iniciava ali, a primeira agressão ecológica ao meio ambiente. A extração da madeira perdurou mais de um século, a ponto de torná-la extinta ao longo do litoral brasileiro.
Os danos à ecologia foram irrecuperáveis com a continuidade das devastações para o plantio da cana-de-açúcar, vindo criar florestas vazias e a total ausência da fauna.
UM TEXTO: RESENHA
O romance Gabriela Cravo e Canela de Jorge Amado, publicado em 1958, com 336 páginas, logo se tornou um sucesso mundial e uma das novelas mais aclamadas mundo a fora. A obra do escritor no chamado ciclo do cacau, cita personificando coronéis, jagunços e prostitutas no contexto de uma sociedade machista, provinciana e cheia de preconceitos da região cacaueira de Ilhéus. Publicado em Portugal, foi traduzido em diversos idiomas e editado em mais de trinta países. Na televisão foi produzido pela TV Tupi em 1960, pela Globo em 1975 com Sônia Braga no papel de Gabriela e agora em 2012 com adaptação de Valcyr Carrasco, tendo a atriz Juliana Paes no papel principal.
A personagem Gabriela surge no enredo, partindo com seu tio, como retirante da seca do Nordeste, vindo procurar emprego em Ilhéus, região próspera e rica dos plantios de cacau. O turco Nacib, dono do bar Vesúvio, parte para o mercado na procura de uma cozinheira e a encontra na leva de retirantes à procura de trabalho.
Gabriela com sua maneira ingênua e simples mostrará toda sua liberdade de forma inocente, quebrando os tabus em plena década de 20, época que as mulheres eram presas e oprimidas por um domínio tirânico de seus maridos. Com sua sensualidade e uma simplicidade brejeira, Gabriela não apenas conquista o coração de Nacib, como também seduz outros machões da cidade, colocando em cheque uma tradição da época, em que o adultério feminino era lavado com sangue.
Atores de primeira linha compõem o elenco de uma trama que entre realidade e um pouco de ficção, ainda continua a atrair a atenção até dos que já viram a primeira versão. Destaque para Gabriela Silva (Juliana Paes), o turco Nacib Saad (Humberto Martins), o truculento e temido Coronel Ramiro Bastos, interpretado de forma magistral por Antônio Fagundes, o Coronel Jesuíno, com toda sua grosseria e violência (José Wilker), Dona Sinhazinha (Maitê Proença), Tonico Bastos (Marcelo Serrado), Mundinho Falcão (Mateus Solano), todo o charme de Maria Machadão, a dona do bordel Bataclan, muito bem interpretada por Ivete Sangalo, além de muitos outros.O elenco e a historia narrada por Jorge Amado, já seriam o suficiente para garantir aos telespectadores, um bom espetáculo. Entretanto, produção da novela, no intuito de obter alto índice de audiência, tem excedido em cenas que mostraram de maneira extremamente chocante, muitas violências.
O frio assassinato do casal, Sinhazinha e Osmundo, que protagonizava um lindo e apaixonado caso de amor, teve um desfecho que causou um grande impacto emocional. Claro que diante dos costumes daquela época, adultério era crime sem perdão, porém foi bastante lamentado um desfecho tão violento, tirando da novela, uma personagem traumatizada por ser usada sexualmente de forma tão grotesca, que se entregou à uma intensa paixão, descobrindo um amor verdadeiro, com o belo e jovem dentista.
Outra cena excessivamente agressiva foi o espancamento da jovem Lindinalva (Giovanna Lancellotti), que depois de violentada e abandonada por Berto (Rodrigo Andrade) encontra em seu irmão Juvenal (Marco Pigossi), um amor capaz de tirá-la do Bataclan. Não conformado em vê-la feliz e instigado pela megera personagem de Dona Doroteia, vivida pela atriz Laura Cardoso, Berto através de jagunços tenta mata-la, dizendo ser a mando de Juvenal. Felizmente os telespectadores que apostam no casal, já foram compensados com o reencontro dos mocinhos, tendo o mal corrigido através do arrependimento de Teodora (Emanuelle Araújo), personagem que denunciara a Berto a intenção de fuga do casal.
E talvez ainda não satisfeita com os índices de audiência alcançados, a Globo apresentou outra cena de pura selvageria ao flagelar o mágico, companheiro da bailarina que seduziu o Coronel Ramiro Bastos. O coitado amarrado a uma árvore, teve seu pênis e testículos, virtualmente cortados a facão. Capítulos onde foram mostradas essas cenas, em minha opinião, excederam o bom sensPor outro lado, a novela compensa o excesso de dramaticidade, mostrando personagens caricatos e cômicos, como é o caso do professor Josué (Anderson di Rizzi), que mais parece o Carlitos com seu jeito de andar, arriscando sua vida em uma aventura perigosa com a Glorinha (Suzana Pires), a manteúda do Coronel Coriolano (Ary Fontoura). Cenas hilárias e inusitadas acontecem quando o professor se entrega aos afagos de uma mulher de impetuosidade sexual selvagem, quebrando o excesso de sua timidez e até seus óculos. O romance dos dois é atropelado pela chegada inoportuna do marido-machão e ele é escondido às pressas por Glorinha, nos lugares mais insólitos: debaixo da cama ao lado de um penico, apertando-se dentro de um guarda roupa ou dentro de um baú. Ainda assim, ele sempre volta para viver sua lúdica aventura.
Outro que está roubando as cenas na novela é o caricato Miss Pirangí (Gero Camilo), mestre de cerimônias do Bataclan. Tem um segredo que não revela, vive a se gabar do seu coronel provedor sem denunciá-lo. Eu tenho cá pra mim, seja “o quenga” do Padre Cecílio (Frank Menezes) ou do seu beato sacristão, surrupiando as prendas e donativos da Igreja. Outro suspeito é o Coronel Melker (Chico Diaz), que esconde por trás da capa de um homem passional e violento, uma pederastia enrustida.
Vale ressaltar, também, o lado politicamente correto representado por Dr. Mundinho Falcão, que protagoniza uma corajosa oposição ao Coronel Ramiro. Ele é um novato na cidade, enriquecido como exportador de cacau, e que pretendendo derrotá-lo nas eleições, quebrando sua oligarquia política. Apesar de ter a redação de seu jornal queimada e de escapar de um atentado, o jovem politico mantém uma determinada posição de enfrentamento ao todo poderoso da cidade.
A jovem Malvina representará a quebra dos tabus e do domínio tirânico de seu pai, ao não aceitar suas imposições e sugerir um novo papel para a mulher, numa sociedade hipócrita e virtualmente machista. Uma jovem além de sua época, que não se sujeita a condição de submissa.o, a falta de respeito ao espectador, atingindo a fronteira do inaceitável para uma novela.Enquanto isso, a beata moralista, hipócrita e cínica Dorotéia, uma mulher amarga, mal humorada e fofoqueira, é responsável pelas maiores atrocidades, sendo ela a denunciante de tudo aquilo que não apraz aos preceitos de “Jesus Maria José”, ainda que isso custe a morte dos acusados, como foi o caso Dona Sinházinha e Osmundo, e o cruel espancamento de Lindinalva, a infeliz jovem que ficou órfã com o acidente de seus pais. Dona Dorotéia sob a capa de uma pessoa caridosa, esconde além de um segredo que a deixou recalcada, uma mulher dada à intrigas e maldades.
Compondo um elenco variado, tem a figura elegante e charmosa do advogado Ezequiel (José Rubens Chachá), que tomando cachaça compulsivamente, faz do Vesúvio seu escritório de advocacia. Com certeza é um advogado frustrado, porque como defender justiça e direito numa terra sem lei com o domínio político e policial do Coronel Ramiro?
Almir Tosta
ALMIR TOSTA,OBRIGADA POR TRAZER SEU TALENTO PARA ESTA SELETA E PARA A PRÓXIMA "OS 7 PECADOS CAPITAIS"
Querida Miriam Sales, você não para de me surpreender. Fico emocionado por esse feito e por fazer parte desse Jardim, composto por uma Pimenta que arde em nossos corações, nos impulsionando a acreditar cada vez mais na arte e na literatura. Sinto-me muito honrado e grato pelo seu carinho e atenção aos meus escritos. Estou muito feliz por participar da segunda Seleta da Editora, já que a primeira foi um sucesso! Um grande abraço do Amigo, Almir Tosta.
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