MOACIR SARAIVA
Professor do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, campus Valença,
cronista, José Moacir Fortes Saraiva,nasceu em Campo Maior,no Piaui,em 1957.
É colaborador dos jornais Valença Agora, de
Valença e Tribuna do Sertão, de Brumado, autor de dois livros de
crônicas: Faz parte do grupo de escritores de Valença e já escreveu A Riqueza
do Detalhe (2009) e Olhares (2011), além disso, tem participação, também
com crônicas, no livro Rio de Letras – II Antologia dos escritores de Valença,
Ba (2010), organizado por Araken Vaz Galvão e publicado pela Fundação Pedro
Calmon, faz parte da Academia Valenciana de Letras, Educação e Artes –
AVELA – e participa também da União Brasileira de Escritores (UBE).
Na sua produção, sempre olha a vida através
dos detalhes que ela impõe ao mundo: em uma sala de aula, em uma sala vazia, na
poda de uma árvore, na discussão de um casal, nas viagens… Extirpando do
cotidiano a poesia, a beleza, o detalhe visto por poucos ou por quase ninguém.
Tecendo crônicas.
Professor desde tenra idade, há mais de 20
anos no Ifba, sentia que sua missão era impulsionar os alunos a fazerem arte e
a gostarem de poesia, de romance, de crônicas, de teatro, de música, de contos,
enfim, apreciar a beleza vinda através destas manifestações artísticas. Em
2010, recebeu medalha de ouro em Brasília, nas Olimpíadas de Língua
Portuguesa, das mãos do presidente Lula, na condição de orientador de uma aluna
do IFBA, cujo texto, uma crônica, ficou entre as cinco melhores do país.
Hoje reside em Valença, na Bahia.Publicou ,recentemente o livro "Mergulho em Valença" e participou da seleta" Traços e& Compassos",da Editora Pimenta Malagueta.
LIVROS PUBLICADOS
AS ESTÓRIAS DO MOACIR
E AGORA, DOUTOR?
Eleutério era seu nome, um setentão, malhado, com o corpo de 50, uma vez que era adepto de uma alimentação saudável e assíduo frequentador de academias, além de ser um excelente nadador.
Uma vida invejável para os seus contemporâneos, pois, a maioria já desenvolvera barriga, outros andavam com dificuldade e Eleutério era motivo de inveja, tamanho era seu vigor físico, e sua compleição atlética era admirada até por garotas muito novas. Entretanto, algo na sua vida o incomodava e muito, fungava demais, o nariz entupia e entrava em um estágio incessante de caça de ar e não o encontrava.
Essa era sua derrota, ele admirado por todos sentia inveja profunda daqueles que não fugavam e o pior era que esta falta de ar aparecia somente em horas inoportunas, não se tratava de uma inoportunidadezinha qualquer, o ar desaparecia em um momento capital e isso o deixava muito triste e até envergonhado para abrir-se com alguém.
Depois de muito usar remédios caseiros, pois ouvia dizer que alguns ajudavam na respiração, inalar vick, friccionar pomadas sobre o nariz, colocar bacia de água fervente no solo e inalar o vapor, isso também ele fez, e utilizou muitos outros medicamentos de que ele lembrava, mesmo assim, nenhum foi capaz de fazer seu fungamento desaparecer e, à medida que o tempo passava, o desespero aumentava, apesar da alegria aparente ele andava triste. Diante do não recuo do fungamento, ele tomou uma decisão importante, embora constrangedora, mas decidiu procurar um profissional para debelar o mal estar a que ele era submetido.
Mesmo constrangido e muito, foi procurar um médico que cuidasse deste mal devastador e o indicaram um otorrinolaringologista. Ele se apresentou ao profissional e após uma conversa em que o médico o indagou sobre vários costumes a fim de tentar encontrar sinais externos que causasse este desconforto, recorreu aos exames necessários a fim de detectar o problema enfrentado pelo paciente, pois, nos primeiros, nada foi encontrado que obstruísse tanto a respiração do sujeito, tal obstrução causava o fungar inoportuno.
No decorrer dos exames, houve momentos até de ele ficar acometido mais vezes, era carnaval na cidade e ele também era um carnavalesco, era mais uma atividade que o afastava de comportamentos senis, apesar de seus setenta anos. Isso o deixou preocupado mais ainda.
Antecipou os exames e foi novamente ao encontro do médico na certeza de que doravante ele ficaria livre destes inconvinentes e teria uma vida com mais vida. O médico, ao olhar o resultado dos exames, constatou que nada havia que provocasse o fungamento do senhor Eleutério.
O médico fez uma pergunta desconcertante, muita gente não gosta de falar da sexualidade em virtude da impregnação de um tabu vindo de séculos. Ele falou que era normal, mas usava a azulzinha a fim de se estimular mais.
O médico um sujeito, bem informado, foi direto ao assunto e viu que o Viagra era o agente provocador deste desconforto, exatamente na hora do bem bom. O médico deu a explicação científica para o paciente e à medida que o médico discorria sobre os efeitos do estimulante, o sujeito ia entristecendo e o rosto ficou muito abatido.
Acabada a explanação do otorrinolaringologista, o senhor, quase chorando se dirigiu ao médico com um tom imploratório:
- E agora, doutor?
Moacir Saraiva e suas estórias engraçadas e plenas de cultura,bem vindo á este nosso cantinho.
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